Foto: Fabiano Trichez
“Todas as madrugadas ligava o rádio emprestado por uma colega de moradia, Maria da Penha, ligava bem baixinho para não acordar as outras, ligava invariavelmente para a Rádio Relógio, que dava ―hora certa e cultura‖, e nenhuma música, só pingava em som gotas que caem – cada gota de minuto que passava.” – Clarice Lispector em “A hora da estrela”
Que medo das horas pingando
No relógio.
Para facilitar, talvez seja só partir
(e fechar a porta)
Mas deixes o rádio tocando
Para ver se as paredes ouvem a música
que tanto gostas
Para sentir se elas escutam o gosto
da tua presença
Enquanto o relógio goteja
Mesmo com o corpo e o tato distantes
(Contando o tempo por ti)
Equalizando essa frequência
de ausência
Balançando os ponteiros
Partas, mas sem esqueceres
Que toda a programação do rádio
- Diz as horas.
Mayara Floss
Mesmo em meio a tantas divagações que o tempo provoca, é possível não perdermos a hora. Beijos!
ResponderExcluirO importante nesse sonho é não perder a hora. Lindo poema! Abraços
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