quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mundo

 Foto: Fabiano Trichez


“Mas, perdão, que pensas deste mundo? Que cousa é o mundo?”
– Machado de Assis no conto Ideias do Canário


Quando estava na barriga da sua mãe ainda embrião se perguntassem para ele qual era o seu mundo ele diria que era o útero da sua mãe com suas vilosidades e cordão umbilical. Logo que nasceu se perguntasse o que era o mundo ele diria que o mundo é: meu berço e meu colo.

Cresceu e o mundo era o quarto dos pais, depois o seu quarto. Começou a caminhar e o mundo era toda a sua casa. Sem mais nem menos o mundo era o quintal. Depois o mundo era a sua escola. Mas não demorou muito para chegar a conclusão que o mundo mesmo era o rádio, era lá que estavam as notícias, as coisas importantes da vida.

Mas já quando o preço barateou, seu pai chegou com uma caixa em casa e ele concluiu que o mundo era a televisão, com toda a vizinhança assistindo os programas na casa dele. Cresceu mais um pouco e o mundo era a cidade e a televisão. Depois aprendeu mesmo que o mundo era o telefone, mas não esqueceu da televisão. Não demorou muito para descobrir o computador e se perguntasse para ele o que era o mundo: era o computador.

Viveu nesse mundo até que de repente surgiu a internet e só agora o mundo não tinha fim, era um monte de dados na rede. Depois o mundo virou o celular, o tablet, o ultrabook. O mundo era a tecnologia, até que um dia acabou a energia elétrica, um grave problema na rede. Acabaram todas as baterias do seu mundo.

Aí ele olhou pela sua janela e o mundo era apenas a sua janela.


Mayara Floss

Um comentário:

  1. Nem mais na janela podemos nos inspirar... Da minha eu vejo o vizinho,
    que põe o som a todo pau,
    todo domingo,
    pela manhã...

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