
Desde quando
Prendi-me neste corpo
Uma estátua
Cheia de movimento
Cheia de olho
Cheia de silêncio
Desde quando assisto
o mundo
Passo pelo tempo
Chove em meu corpo
Deságua em mim
E continuo preso a terra
Vejo esta guerra
E não consigo me mover
Quando fiquei estático
Apático, sem envelhecer
Já fui de vários arredores
Enfeitei alguns corredores
E servi de elogio
Para bem me fazer
Vim de um forno, de barro
E sou simplesmente
O molde quente
De uma mão apaixonada
Que criou-me
Para assim parecer
Meu corpo não sente nada
Embora de tanto querer
Mesmo quieto e parado
Digo cuidado, pois aqui dentro
Sinto mais do que muitos
Que fingem me ver
Mayara Floss
Eba! tava com saudades já de uma poesia tua!
ResponderExcluirMuito legal. Tipo, eu nunca escondi a minha falta de prática com a leitura desse tipo de poesia. Mas algumas partes achei muito interessantes.
como:
pois aqui dentro
Sinto mais do que muitos
Que fingem me ver
ou:
Já fui de vários arredores
Enfeitei alguns corredores
E servi de elogio
Para bem me fazer
Achei lindo isso.
Meus parabéns
Vir aqui é sempre uma dádiva desfrutada. Sou muito grata pelo que recebo aqui através da leitura. Desta lindíssima e profunda poesia aprendo que apesar dos imutáveis, vale a pena conseguir nosso lugar, nosso jeito de ser, aquele que nos contenta. Beijos!
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