domingo, 23 de outubro de 2011

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Desde quando
Prendi-me neste corpo
Uma estátua
Cheia de movimento
Cheia de olho
Cheia de silêncio
Desde quando assisto
o mundo
Passo pelo tempo

Chove em meu corpo
Deságua em mim
E continuo preso a terra
Vejo esta guerra
E não consigo me mover

Quando fiquei estático
Apático, sem envelhecer
Já fui de vários arredores
Enfeitei alguns corredores
E servi de elogio
Para bem me fazer

Vim de um forno, de barro
E sou simplesmente
O molde quente
De uma mão apaixonada
Que criou-me
Para assim parecer

Meu corpo não sente nada
Embora de tanto querer
Mesmo quieto e parado
Digo cuidado, pois aqui dentro
Sinto mais do que muitos
Que fingem me ver

Mayara Floss

2 comentários:

  1. Eba! tava com saudades já de uma poesia tua!

    Muito legal. Tipo, eu nunca escondi a minha falta de prática com a leitura desse tipo de poesia. Mas algumas partes achei muito interessantes.
    como:
    pois aqui dentro
    Sinto mais do que muitos
    Que fingem me ver

    ou:
    Já fui de vários arredores
    Enfeitei alguns corredores
    E servi de elogio
    Para bem me fazer

    Achei lindo isso.
    Meus parabéns

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  2. Vir aqui é sempre uma dádiva desfrutada. Sou muito grata pelo que recebo aqui através da leitura. Desta lindíssima e profunda poesia aprendo que apesar dos imutáveis, vale a pena conseguir nosso lugar, nosso jeito de ser, aquele que nos contenta. Beijos!

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