
Vejo o passado em quadros
Pindurados em palmas
Como uma lista de grandes amigos
Vejo as palavras rasgando
Na pele nua deste silêncio
em que grito meus perdões
Quanta chuva desceu
Pelas minhas mãos
Quantos finais
foram só de semana
Quantas vezes
Decorei uma mágica
Para improvisar
Quantos poemas errados
Quantos detalhes
Por favor, que estes versos não terminem
Porque amor é contorno
Que os meus ombros
Sejam leves
Porque as asas precisam
de céu para voar
Que os meus limites sejam estreitos
Mas meus olhos sejam amplos
Porque minha terra não tem divisão
Sou poema e paixão
Quantas canções
Para guardar
Quantas gavetas
Para esconder
Quantos milagres
Para pouco conhecer
Que não seja preciso muito
Para fazer-me sorrir
Que não sejam muitas moedas
Nem cansaço
Para descobrir que pouco vale
Quanta vida
Para pouco tempo
Quanto tempo
Para pouca vida
Que meus pés sejam pés
E não calçados
Que minha roupa seja corpo
Na nudeza do meu sentimento
Que os meus rios sejam grandes
Que as minhas linhas sejam estreitas
E minha visão ampla
Que o meu coração seja maior
Que os meus braços sejam abraços
Porque não sei viver sem ser descalço
Sem ser simples
Que o meu enredo, minha melodia
Seja muda, e só exista nas cordas
da minha mente
Porque quem vai dizer
Que a próxima composição
Será simples, em lá menor
Que o meu barco seja a eterna
primeira partida
Porque sou porto
E coração
Que a minha infância
Seja maior que a minha certeza
Que o meu silêncio
Seja paz
Que eu não seja fome
Porque o que passa aqui dentro
Ainda me move
Que as palavras sejam a minha metade
porque o resto da poesia é estendida
aos corações de quem as lê
Mayara Floss
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