terça-feira, 16 de agosto de 2011

Encontro


Vejo o passado em quadros
Pindurados em palmas
Como uma lista de grandes amigos
Vejo as palavras rasgando
Na pele nua deste silêncio
em que grito meus perdões

Quanta chuva desceu
Pelas minhas mãos
Quantos finais
foram só de semana

Quantas vezes
Decorei uma mágica
Para improvisar
Quantos poemas errados
Quantos detalhes

Por favor, que estes versos não terminem
Porque amor é contorno

Que os meus ombros
Sejam leves
Porque as asas precisam
de céu para voar

Que os meus limites sejam estreitos
Mas meus olhos sejam amplos
Porque minha terra não tem divisão
Sou poema e paixão
Quantas canções
Para guardar
Quantas gavetas
Para esconder
Quantos milagres
Para pouco conhecer

Que não seja preciso muito
Para fazer-me sorrir
Que não sejam muitas moedas
Nem cansaço
Para descobrir que pouco vale

Quanta vida
Para pouco tempo
Quanto tempo
Para pouca vida

Que meus pés sejam pés
E não calçados
Que minha roupa seja corpo
Na nudeza do meu sentimento

Que os meus rios sejam grandes
Que as minhas linhas sejam estreitas
E minha visão ampla

Que o meu coração seja maior
Que os meus braços sejam abraços
Porque não sei viver sem ser descalço
Sem ser simples

Que o meu enredo, minha melodia
Seja muda, e só exista nas cordas
da minha mente
Porque quem vai dizer
Que a próxima composição
Será simples, em lá menor

Que o meu barco seja a eterna
primeira partida
Porque sou porto
E coração

Que a minha infância
Seja maior que a minha certeza
Que o meu silêncio
Seja paz

Que eu não seja fome
Porque o que passa aqui dentro
Ainda me move
Que as palavras sejam a minha metade
porque o resto da poesia é estendida
aos corações de quem as lê

Mayara Floss

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