sábado, 4 de dezembro de 2010

Francisco


Tinha muitas coisas para falar
E poucas palavras para ouvir
As mãos entrelaçavam-se
Repletas de quietude

E de rio e de santo
Francisco tinha os olhos
Construia os seus dias
Em qualquer escadaria
De papelão em papelão

Francisco escondia
por trás dos óculos
Aquela lágrima que escorre
por dentro

E carrega na face
cada olhar que preferiu o chão
ao seu são silêncio

Sabia que a vida
não passava da rua
E a rua da próxima esquina

E fazia uma prece pedindo perdão
Pelos homens cheios de fala
e mortos de silêncio

Mayara Floss


3 comentários:

  1. Belíssima fotografia e belíssimas palavras.
    Gostei muito deste Francisco e deste poema que retrata tão bem todos od Franciscos deste mundo.

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  2. Quantos Franciscos como o fotografado existem neste mundo? Muitos. Se todos pudessem sair da rua ou ouvir as palavras deste poema, comover-se-iam.
    Bonita e sentida participação.

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