sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ontem


O tempo pode ser uma unidade musical. Um espaço entre os ponteiros do relógio. Uma previsão. Um formato verbal. O tempo é a unidade que nos separa do nosso nascimento até a morte. Porque o tempo é a consciência de si, do envelhecer e das modificações. O tempo não para. Ou melhor, o tempo só tem valor com a intensidade do que se vive. Não existe falta de tempo, mas falta de intensidade. Entramos em rotinas que colocam nosso tempo em uma escala de ontem, tudo é para ontem e o que pode postergar é para amanhã.

E assim vivemos em função do que passou e o que podemos dividir para amanhã. O presente, não é aquilo que recebemos (ou não) no natal ou no aniversário. O presente não é tempo verbal, nem uma unidade musical, nem a distância entre os ponteiros do relógio. O presente é o que te move, o que movimenta o teu interior o que te conquista a cada dia e aproxima-te do teu final e afasta-te do teu início. Não, falar de final não é ruim, é o ciclo. É parte do todo que fizemos. Porém, no final é que queremos as coisas diferentes e não no presente, é sempre no final que pensamos que poderíamos ter feito diferente.

É perto do fim que pensamos sobre porque não parei de fumar, brigar, trabalhar, beber. É no final do namoro, do casamento, do mês, da faculdade, do trabalho, do mestrado, do doutorado, do estágio, do ano e no final dos finais, da vida... É no final que queremos a intensidade do presente, que pensamos e refletimos sobre o que passou. E aí entramos na questão dos prazeres, porque antes viver bem poucos anos do que ter uma vida longa. Será?

Por medo de julgamentos é melhor não se expor, não mostrar os sentimentos. Todo o tempo com medo dos erros, de errar e na tentativa eternamente frustrada de ser o melhor. Muitos dizem que vão aproveitar o tempo nas férias, naquela viagem, ou no feriado. O inquietante disso é: o que fazes no resto do tempo? O tempo é um só, os humanos que gostam de fragmentá-lo para caber nos ideários de produção.

O que podemos dizer hoje, é que as fronteiras são menores (para alguns, porque é ideia errônea pensar que todos tem acesso a tudo e que somos o pequeno centro umbilical), que a expectativa de vida em geral aumentou, mas que as reclamações são maiores, o tempo é menor e todos querem dias com mais de 24 horas.

O relógio virou uma moda sem precedentes de todas a cores formatos e estruturas. Para a parede, para o pulso, para correr, para monitorar, para despertar. Mas será que despertamos, acho que sempre estamos para ser despertados. Desperte-se do tempo.

...

Apesar de tudo, o nosso despertador irá tocar amanhã.

Mayara Floss

2 comentários:

  1. Eu penso que devemos viver o momento. Amanhã a gente paga pra ver.
    Primeiro: ficar planejando o amanhã para termos uma tranquilidade é ridículo, pois não sabemos o que vai se passar daqui a 10 minutos. Pode ser que eu tenha um infarto enquanto digite esse comentário e ele nunca será publicado...
    Segundo: Se f...r a vida toda pra chegar com 60, quando não se tem mais energia pra nada, aí sim, resolver "curtir". E o que passou????? E tudo que se deixou de fazer????
    Sou adepto de que "nunca nos arrependemos do que fazemos, apenas do que deixamos de fazer".
    Não deixe de fazer nada. Nunca.

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  2. Não ser velho, nem novo, nem criança, nem adulto. Simplesmente ser. Não se preocupar com o tempo é difícil, mas possível. O bacana é ser de verdade. Se for verdade. Beijos!

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