quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Poetas de Pijama no Palco Literário


Abertura Palco Literário Poetas de Pijama com Pedro Porciúncula (Foto: Wagner Passos)

Ontem os Poetas de Pijama (PJ) marcaram presença no Palco Literário da 40ª Feira do Livro da FURG. Foi muito gostoso poder conhecer pessoalmente os PJs, foi melhor ainda poder ter o retorno dos meses de trabalho que eu e o Pedro Porciúncula (Anarchyink) e poder ver o sorriso desses poetas (já que fomos os organzidores e idealizadores do projeto).

Poucos foram de pijama (não é Andréia Pires?), mas fazer o que continuavam poetas, alguns marcaram a presença levando o travesseiro. Sinceramente, ainda me atrapalho com o nome de todos pois muitos eram novos para mim né Matheus Bandeira (Preto). Mas foi incrível poder estar ao lado de vocês PJs, muita emoção e nervosismo no começo, mas depois o sarau fluiu descontraído e dando a oportunidade de todos participarem.

Eu e o Pedro começamos lendo um pouco sobre o projeto, palavras que estão na introdução do livro:

“Para que ser um escritor? Essa pergunta pode pegar muitos de surpresa, pois não é nem um pouco usual. O escritor é uma pessoa enferma. Ele padece de uma crise crônica de embriaguez mental que, passada uma quantidade de tempo subjetiva a cada um, é necessária ser atirada para fora do corpo, para que essa tormenta seja apaziguada, e para que o corpo suporte um novo período de boemia criativa, criando um ciclo de ‘porres e ressacas’. Por isso este ‘infeliz’ escreve.”– Pedro Porciúncula

“Acho muito difícil o título de “escritora” me parece demais profundo e cheio de significado. Mas é um ímpeto que me move pela tinta no papel, por sujar este branco com palavras. Aprendi a ler e a escrever e não posso escrever só para preencher protocolos e copiar matérias. Tenho que escrever para colocar meus olhos em palavras, para desafogar o que me afoga na rotina, para salvar o que sou e poder ler-me e gritar - mesmo que muda. As palavras são um suspiro meu, mas assim que as deixo para serem lidas, elas respiram e transpiram por si e fogem de mim” – Mayara Floss

Os Poetas de Pijama e o Patrono da Feira (no centro). (Foto e edição: Lidiane Dutra)

Fiquei muito emocionada com a leitura do meu texto "Entrega" pelo Patrono que foi elemento surpresa para a apresentação da noite. Na verdade, todos vocês declamando foi tudo muito tocante. Além disso, mais surpresa fiquei quando fui organizar as coisas para embora (para poder, enfim, ir dormir de fato) e conversei com o pessoal da Gráfica e eles falaram que os livros do PJ haviam esgotado, foram mais de 70 exemplares vendidos na noite de ontem.

Quando um livro chega na mão de alguém ele esconde várias etapas que talvez só vivenciando isso é possível compreender as dificuldades para conseguir realizar uma publicação no papel. Com certeza eu e o Pedro erramos, mas esperamos que o saldo tenha sido positivo. Organizar o livro dos poetas de pijama foi um grande aprendizado, horas de dedicação. Primeiro surgiu a ideia assim que eu adicionei o Pedro para o grupo e ele: "Mayara porque não fazemos um livro?".  Foram inúmeras reuniões e a nossa pouca experiência, com uma ajuda aqui, outra lá, conseguimos fazer o edital de seleção,  montar um site, criar um e-mail, selecionar (poesias, crônicas e ilustrações) - tudo com um prazo apertado para conseguirmos ter o livro aqui na feira. Aí começou o processo de agilizar a diagramação do livro, aguardar as ilustrações, escolher uma ilustração para a capa (e fazer a capa né Wagner Passos?). Simultaneamente a criação dos desenhos o Paulo Olmedo e  Luiz Felipe Voss Espinelly faziam toda a revisão dos textos do livro. Muita correria e muita responsabilidade.

Aprontamos tudo, aí fomos até a biblioteca pedir um socorro para a bilbiotecaria Gabriela, corremos até a gráfica encaminhamos o ISBN com a Cleuza, aguardamos... Tudo num prazo curto e com medo de não poder entregar o livro nas mãos dos PJs. Deu tudo certo, depois foram banners, cartazes... camisetas que a Gicelda organizou, tudo foi ganhando forma. 

Palco literário dos Poetas de Pijama (Foto e edição: Lidiane Dutra)

Acredito que um momento muito especial foi a sessão de autógrafos improvisada no final com canetas emprestadas e recados nos livros do público e dos Poetas de Pijama. E está aí o resultado, sorrisos, livros, poetas e pijamas. Um livro para todos lerem quando perderem o sono  e acompanhar as noites ou madrugadas de pijama. Não posso negar a sensação de alívio de estar terminando este processo - mas foi muito bom o aprendizado e a vivência desse processo. Só posso agradecer a confiança de vocês poetas que participaram - muito obrigada!

E para encerrar (como ontem), hora de dormir pessoal, porque o despertador vai tocar a qualquer momento, poetas de pijama!

Um abraço,
Mayara Floss

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Noite de autógrafos do Livro Fôlego


40ª Feira do Livro da FURG

Bom, ainda não tinha conseguido escrever sobre a experiência de autografar na 40ª Feira do Livro da FURG, foi uma sensação muito boa ver amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos vindo até a mesa e pedindo autógrafos.

Logo no começo cheguei a mesa destinada a mim para os autógrafos e encontrei o Patrono Luiz Andreolli, ele disse que ia sair da mesa para me dar espaço, eu fiz questão que ele ficasse. Não conhecia não conhecia o patrono, mas é aquele tipo de pessoa que você logo se apaixona pela sensibilidade com que trata as pessoas,  ficamos brincando e conversando um com o outro toda a sessão de autógrafos, indico muito o Livro dele o “O helicóptero de madeira”. 

Andreoli (o patrono) e Mayara Floss autografando

Andreia Pires do de Solas e Asas e Fôlego
Professor Sparvoli do blog Sparvolisaude
Ao meu lado na sessão estava a Ariane que escreveu o livro infantil “O segredo das sereias” que achei uma graça, apesar de ter comprado direto o volume II e lido, sem saber que antes tinha o volume I. Fiquei passeando pelas mares e o mundo Abissal de Liane, ela tem apenas 14 anos, quero ler um livro dela quando tiver 20!

Ariane e o Segredo das sereias

Kaká e o FURG FM
Do outro lado estava o Paulo Olmedo que mal conseguimos nos falar, mas conseguimos trocar os autógrafos, ainda não consegui ler “A razão do absurdo”. Troquei também livros e autógrafos com o Lorde Lobo que é chargista com as Coletâneas de “tiras do Lipe” e o livro VIDAmUNDO do autor Cícero Galeno Lopes que ainda não pude apreciar.

No meio da noite dei uma entrevista com a Kaká para a FURG FM (106,7 mhz), um pouco no susto mas conversamos um pouco do projeto do Entre-primos.
Inegável falar que o Fabiano Trichez fez muita falta, estava pela metade a poeta sem o fotógrafo, mas tudo bem, sei que estavas em pensamento (trabalhando e fotografando para outros projetos).

Só posso agradecer aos organizadores da Feira e ao espaço que me oportunizaram, adorei. E agradecer principalmente todos que se fizeram presente, foi muito bom também contar com os professores e amigos da universidade. Novamente muito obrigada a todos que se fizeram presentes.

Um abraço,

Mayara Floss

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A vida não faz sentido

A vida simplesmente não faz sentido. Existe uma teia da vida, uma cadeia, a bactéria alimenta um macroinvertebrado, que alimenta um peixe, que alimenta um pássaro – tudo compreendemos como fazendo parte desta teia, parece que todos têm um sentido. Mas nós humanos, temos qual sentido? Qual é o sentido da nossa vida? Qual o sentido da vida?

São tragédias como a de Santa Maria, onde o desespero e a dor tocam a nossa pele, o nosso corpo os nossos sentidos. Tive  a “sorte” de ligar para todos os meus amigos e conseguir ouvir a voz deles, alguns estavam na festa – não perdi ninguém próximo, mas perdi o sentido. Em uma chama muito se perdeu. Talvez, é nessa hora que chegamos mais perto de entender o porquê estamos aqui, quando unimos nossas mãos e em frente ao desespero e a morte tentamos cooperar e estando cada um destruído conseguimos ser um pouco de todos.

De fato como Carpinejar disse hoje todos morremos. E hoje fui olhar o mar para perguntar se tem algum sentido. E a única resposta que tive foram as ondas batendo, indo e voltando aos meus pés. Elas tem o sentido de ir e vir e eu amarrada na minha rotina não faço o menor sentido.

Nós humanos que já mapeamos o genoma, já desvendamos tantos mistérios da vida, não temos sentido. Vivemos dia-a-dia, num tempo só, e nos arrastamos em tarefas e deveres que vão nos asfixiando aos poucos e agora temos a chance de submergir e pegar ar para fazermos uma reflexão e encontrarmos o nosso sentido.

Enquanto os telefones celulares tocavam, os sapatos ficavam perdidos no chão, as bolsas, a maquiagem, as carteiras – nada disso tinha o menor sentido. A única coisa que fazia sentido era a vida.

Com isso, a essência não é encontrar os culpados apenas, como o sensacionalismo quer fazer. A essência é encontrarmos o nosso sentido, porque a vida não tem nenhum.

Mayara Floss

sábado, 26 de janeiro de 2013

Primos lançam livro que reúne poesia e fotografia


Ocorre neste sábado, dia 26 de janeiro, às 21h, na 40ª Feira do Livro do Balneário Cassino, o lançamento do livro Fôlego, de Mayara Floss e Fabiano Trichez, reunindo poesia e fotografia.

A ideia deste livro surgiu como um fôlego. O transpirar, respirar e viver da escrita e da fotografia. Surgiu do dia-a-dia e das pessoas que foram fotografadas, das paisagens que foram congeladas e reveladas, mas movimentadas com palavras. Desde 2009 os “primos”, Mayara Floss (escritora) e Fabiano Trichez (fotógrafo) montaram um blog chamado “entre-primos” (www.entre-primos.blogspot.com) com o intuito de integrar duas linguagens distintas, porém complementares, fotos e palavras. Realizando uma “conversa” entre essas diferentes formas de expressão.

Um fôlego pode ser um descanso, uma retomada de ânimo e podemos até perder o fôlego. Aliás, muitas vezes corremos tanto no nosso cotidiano que perdemos o fôlego, corremos até não podermos mais. Ou a nossa emoção fala mais alto e perdemos o fôlego. Como um flash no meio da noite ou um ar no meio da fumaça, fica aqui uma obra de fôlego.

O livro apresenta, juntamente com as poesias, fotos da Ilha dos Marinheiros, Porto do Rio Grande, São José do Norte e de outras cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Deste modo, inspire, respire fundo, de novo, mais uma vez, transpire, inspire e respire-se. Esta é a proposta deste livro, um fôlego de palavras e imagens.

Fôlego pode ser adquirido no estande dos autografantes, localizado na entrada da feira do livro e também no estande da Editora da Furg.

Leia mais no Jornal Agora: http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=1&n=38948

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sessão de autógrafos - 40ª Feira do Livro do Rio Grande

Caros,

Na 40ª feira do livro em Rio Grande no dia 26 de janeiro de 2013, provavelmente os dois autores, estaremos autografando o Livro Fôlego. A sessão ocorrerá a partir das 21h na Praça Dídio Duhá, no Balneário Cassino.

Aguardamos vocês,

Mayara Floss e Fabiano Trichez

 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sem lei


Foto: Fabiano Trichez

Meu amor não tem lei
Não é direito
Nem tão errado assim.
Não é eterno,
mas é terno
Não é constante,
mas vive intensamente
de instantes
Meu amor não tem regra
Ele vaivém,
mas sempre fica por perto
É como a maré
que sempre volta para a praia
Como dois amantes
Que se querem
e se soltam
Meu amor não tem acabamento
Precisa de arremate
E é todo irregular
Mas, é vibrante
e intensionalmente
Com um pouco de descaso
Porque, meu amor
Eu não sirvo para receitas
Nem metades.

Mas é amor,
mesmo que imperfeito.

Mayara Floss

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Desligar-se


Uma nova campanha (talvez não tão nova, com algumas alterações) do Entre-Primos, mas que precisa ser relembrada. Um texto para você desligar-se:

Por favor! Desligue-se. Aperte o botão, dê tchau. Puxe o cabo da tomada. Parta. Feche os programas. Suspenda. Desconecte-se, desprenda-se, despreocupe-se. D-e-l-e-t-e. Apague. Dê logout. Solte-se. Retire. Remova. Feche. Corte a luz. Corte os fios. Blackout. Turn off. Adeus. Apague os e-mails, apague o e-mail. Perca-se. Termine a sessão. Fuja. Cancele. Sem conexão. Formate-se. Acabou a apresentação, clique para sair. Desplugue-se. Aperte no X.  Saia. Liberte-se. 

Mayara Floss

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Tic-tac


Um dia ele conseguiu ouvir um relógio em sua casa. Olhou para os pulsos e não tinha nada, olhou para todos os lados, há anos tinha se livrado dos relógios de ponteiro. Mas ouviu o tic-tac-tic-tac que era quase um sussurro. Tentava encontrar da onde vinham os estalidos do ponteiro do relógio, mas era tudo invisível. Escutava até quando queria estar em paz no banheiro. Parecia que tinham plantado um relógio invisível no seu lar. Aquele sussurro contando que as horas que passavam ficava batendo em sua mente. Como um tic-tac suspenso no ar.

De repente, em qualquer dia, qualquer hora, qualquer minuto ou segundo ele saiu de casa e o tic-tac saiu também acompanhando-o. Seguiu por todos os cantos e lugares e continuava aquele sussurro, batia mas era quase um silêncio. Ele procurava o relógio, às vezes encontrava em algum escritório, ou na parede do banco, ou na sala do médico. Muitas vezes não tinha nenhum por perto.

Ele decidiu acampar, sem relógio, sem tempo.  Mas o tic-tac acompanhava quando parecia que não podia mais ter ser humano nenhum. Era o tempo sussurrando sobre horas. Era o tic-tac do relógio invisível prendendo o homem entre os seus ponteiros. Achatando-o.

Aquilo começava a incomodar, a ganhar mais som, mais barulho, a soar mais. Era o tic-tac do relógio que martelava em sua cabeça.

Decidiu então: começou a dar corda nos relógios.

Decidiu ter um relógio no pulso, já que escutava sempre o tic-tac. Logo comprou um relógio para a parede, um despertador para o quarto, outro relógio de ponteiros para o escritório. Decidiu que ia dar de presente relógios para os amigos que chegavam atrasados, e para os que chegavam na hora para não perderem o tempo. Decidiu que ia conviver com o tic-tac já que não poderia abafá-lo.

Transformou sua vida em relógios, comprou um relógio de Cuco que tinha que dar corda, e quase não saia de casa para ele não atrasar, não saia no final de semana porque corda tinha que dar. Começou a vibrar no som dos ponteiros, se não podia vencê-los fez deles o sentido da sua vida. Sentido horário é claro. A cada volta de 360 graus era um alento e quando um relógio parava corria para o relojoeiro porque o tempo não para. Chegava ao relojoeiro e ficava aliviado com o som rítmico das horas.

Virou inglês de tão pontual. Nunca perdia as horas, nunca perdia tempo, nunca perdia o tempo. Na sua casa tinha relógio de sol, relógio de pulso, relógio de parede, relógio antigo, despertador, relógio no micro-ondas, relógio onde pudesse ter relógio. Ganhava relógios de presente. Na sua parede já tinha mais de um relógio. E sempre colocava todos em dia, porque relógio não podiam atrasar, nem os comprados no camelô.

Qualquer dia desses andava pela rua e foi assaltado. O homem roubou seu terno, seu relógio de bolso, seu celular com relógio, seu relógio de pulso, a chave de casa. Roubou tudo, todos os seus relógios e o seu dinheiro. Sentou na rua desesperado e começou a chorar – roubaram meu tempo! Sem mais nem menos, mesmo no meio do tumulto da cidade, mesmo com sua camisa e gravata e sem relógios tudo ficou silencioso.

Porém, como em qualquer relógio de ponteiros o tic-tac continua. Ele rapidamente recobrou o ritmo, e de noite antes de dormir no seu quarto com relógios, com o tic-tac dos relógios o tempo voltou para o lugar e mesmo no silêncio começou um sussurro no seu ouvido: tic-tac-tic-tac.


Mayara Floss
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